Por: Pamela Gomes
F4 Economia / Blog do Lindenberg
O dólar tem mostrado alta significativa, alcançando recentemente a cotação de R$ 5,76, o maior patamar desde março de 2021. Essa elevação é impulsionada por dados econômicos sólidos dos EUA, como o relatório de emprego da ADP, que superou as expectativas de criação de postos de trabalho. Esse cenário fortalece a moeda norte-americana, pois sugere que o Federal Reserve pode manter as taxas de juros em níveis elevados por mais tempo. No Brasil, a situação fiscal e as incertezas sobre medidas governamentais também afetam o câmbio.
Hoje, em 1º de novembro de 2024, a cotação do dólar está em R$ 5,79, mantendo-se em alta. Esta valorização tem sido impulsionada por incertezas fiscais no Brasil, que geram desconfiança entre investidores estrangeiros. A fuga de capitais tem pressionado o real, mesmo em um cenário onde os juros nos Estados Unidos passaram por cortes recentes — uma medida que, teoricamente, deveria aliviar o câmbio. No entanto, o contexto econômico brasileiro, marcado pela falta de clareza nas contas públicas e pelo crescente endividamento, está elevando o risco percebido pelos investidores e, por consequência, a demanda por um dólar mais caro.
Entre janeiro e setembro de 2024, o Brasil registrou a saída de cerca de US$ 52,4 bilhões, acentuando a desvalorização do real. O mercado continua observando com cautela se o governo conseguirá equilibrar as finanças públicas e controlar a inflação, fatores que influenciam diretamente a taxa de câmbio e a atratividade dos investimentos no país. A expectativa é que o dólar possa atingir R$ 6,11 até o final do mês de novembro
A valorização do dólar em 2024 reflete um cenário econômico desafiador para o Brasil. As principais razões por trás da alta incluem:
- Fuga de Capitais Estrangeiros: Investidores internacionais têm retirado recursos do país devido a preocupações com o aumento do risco fiscal. Entre janeiro e setembro de 2024, houve uma saída líquida de US$ 52,4 bilhões, a segunda maior da história para o período. Essa fuga intensifica a pressão sobre o real, resultando em desvalorização da moeda local
- Dívida Pública e Desconfiança no Mercado: A rápida elevação da dívida pública brasileira e a falta de medidas claras para o controle fiscal geram incertezas. Essas dúvidas levam investidores a exigir um prêmio de risco mais alto, refletido em taxas de câmbio mais elevadas
- Taxas de Juros nos EUA: O Federal Reserve, banco central dos EUA, cortou os juros para uma faixa de 4,75% a 5%, o que em condições normais poderia aliviar o dólar. No entanto, a persistente preocupação com a situação fiscal do Brasil tem anulado esse efeito, mantendo o dólar acima de R$ 5,60 e até R$ 5,79 no início de novembro
- Projeções Futuras: As estimativas indicam que o dólar poderá continuar subindo, podendo chegar a R$ 6,11 até o fim de novembro de 2024 e continuar em patamares altos em dezembro e nos primeiros meses de 2025, caso as incertezas fiscais persistam
- Incertezas Internas:
- Risco Fiscal Aumentado: O principal fator tem sido a incerteza em torno das contas públicas. As dificuldades para cumprir metas fiscais e controlar o crescimento da dívida pública elevam a percepção de risco do país. Essa situação desestimula a entrada de investimentos e gera uma demanda maior por dólar, impulsionando seu valor
- Fuga de Capitais: A saída significativa de capital estrangeiro, que atingiu US$ 52,4 bilhões entre janeiro e setembro de 2024, tem sido um reflexo direto dessa desconfiança. Esse volume de saída só foi superado uma vez na história recente, indicando um ambiente econômico desafiador e uma aversão ao risco por parte dos investidores
- Contexto Externo:
- Política Monetária nos EUA: O Federal Reserve, apesar de ter cortado as taxas de juros para entre 4,75% e 5%, não conseguiu reduzir a demanda por dólar no Brasil. Normalmente, cortes de juros nos EUA tornam ativos de países emergentes mais atrativos. No entanto, a persistência da alta do dólar sugere que outros fatores, como as condições econômicas internas, têm mais peso
- Projeções para o Futuro:
- A expectativa é que a cotação do dólar continue subindo se as incertezas fiscais não forem resolvidas. Projeções indicam que a moeda americana pode atingir R$ 6,11 em novembro e continuar a subir nos meses seguintes, possivelmente ultrapassando R$ 6,30 em 2025
- Impacto no Consumo e Inflação:
- A alta do dólar tende a encarecer produtos importados e componentes de produção que dependem de insumos estrangeiros. Isso pode levar a um aumento da inflação, afetando a capacidade de consumo da população e pressionando o Banco Central a reconsiderar a política de juros
Esse cenário exige que o Brasil reforce sua credibilidade fiscal e adote políticas que restabeleçam a confiança dos investidores, para mitigar a desvalorização do real e estabilizar a economia.
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